ST 2 - Cristianismo e fronteiras: contatos e enfrentamentos

Prof. Dr. Marcelo Timotheo (Universidade Salgado de Oliveira)

Ementa: Até etimologicamente, as religiões – de “religare”, religar – enfatizam a ideia de movimento. Movimento entre esferas celeste e terrestre, entre o eterno e o século, o transcendente e o imanente. Assim, p. ex., na evolução bimilenar da experiência cristã, instituições e fiéis, baseados em leitura de fé que tomava a vida como peregrinação ao Alto, concebiam a si mesmos como peregrinos especiais, peregrinos no tempo e para fora dele, sempre a caminho, em elevação, rumo à Jerusalém Celeste. Por outro lado, das religiões cristãs e de suas plurais vivências, surgiu também a estabilidade: o cristianismo, em suas grandes vertentes – católica romana, ortodoxa, reformada –, ajudou a definir o permanente, marcando fronteiras, construindo e consolidando geografias políticas e populacionais. Definições que, bem marcadas, funcionaram como âncoras societárias, comunais, firmando vínculos e identidades. Englobando o que se move e o que permanece e a tensão daí advinda, encontro que é também movimento, propõe-se pensar o fenômeno cristão na História, suas práticas, comunidades de fé, seus intelectuais, tradições várias e também correntes de mudança. Assim, acredita-se poder contribuir para a melhor definição de determinadas fronteiras do sagrado. Fronteiras na sua dupla acepção: áreas de máximo contato, áreas de enfrentamento.