ST 7 - Sociedade e economia no mundo Atlântico entre os séculos XVI ao XIX

Profª Drª. Agatha Bloch (PAN - Academia de Ciências da Polônia)

Prof. Dr. Randolpho Radsack (Universidade do Estado de Minas Gerais / Seeduc-RJ)

Prof. Dr. Vinicius Maia Cardoso (Universidade Salgado de Oliveira)

Ementa: A proposta da presente sessão coordenada é explorar o debate historiográfico acerca das especificidades e diferenças que marcaram as diversas áreas ultramarinas que compunham o vasto Império português tanto a partir de uma perspectiva nacional quanto internacional. Com base em diferentes conceitos e abordagens coloniais/decoloniais do Global Norte e Sul, buscamos compreender as interconexões e interdependências entre regiões e culturas deste império ao longo do tempo, e reconhecer a complexidade das interações históricas. Aplicando a perspectiva das histórias conectadas (Subrahmanyam) pensaremos nas relações e trocas culturais, econômicas e políticas entre as áreas ultramarinas e seus contextos globais. Investigaremos a capacidade dos atores históricos de agirem e influenciarem o curso dos eventos, considerando o seu agenciamento. Compreenderemos as negociações, conflitos e hibridações culturais que ocorreram nessas regiões, marcadas muitas vezes por relações de poder desiguais. Observaremos a hibridade como resultado da combinação e interpenetração de elementos culturais distintos, presentes nas formas de vida, práticas sociais, crenças religiosas e expressões artísticas. Refletiremos também as comunidades crioulas que surgiram, resultantes da fusão de elementos das culturas portuguesa, africanas, asiáticas e indígenas, que deram origem a identidades culturais únicas. Para alcançar esses objetivos, convidamos todos os pesquisadores interessados a participar deste debate, visando discutir e refletir, do ponto de vista metodológico e teórico, as dinâmicas do Império português e suas áreas ultramarinas, em uma perspectiva que reconheça as conjunturas mundiais e os distintos processos históricos da Europa, África, Ásia e das Américas. Nossa proposta é refletir estas dinâmicas, tanto em escalas macro, repensando as redes comerciais, sociais e políticas do império, quanto em escalas locais, explorando as conjunturas específicas, onde o costume organizava as hierarquias sociais e a estrutura econômica. Entendidas as relações políticas enquanto relações de poder, os conflitos, como produtos de relações sociais e suas dinâmicas, surgem na perspectiva dos interesses e das disputas vividas no âmbito do recorte temporal adotado. Como característica inerente aos processos de coexistência, os embates são comuns às dinâmicas de sociabilidade, independente das conjunturas e contextos. Evidentemente, não se pode compreender que as relações sociais urdidas em diferentes sociedades, em nossa ampla temporalidade adotada, foram conduzidas e balizadas, exclusivamente, por contendas. Contudo, a realidade da violência não pode ser desconsiderada, uma vez que o fenômeno do conflito é inerente à natureza das relações políticas, econômicas e sociais. Logo, é preciso compreender a violência como um fenômeno que ultrapassa as relações de fissuras, transições ou rupturas. No entanto, essas relações podem, sim, interferir nas dinâmicas sociais. As ações de violência não devem ser interpretadas de maneira frívola ou simplista, não devem ser interpretadas como produto do uso indevido das regras simplesmente. Esperamos que esta sessão contribua para um debate enriquecedor sobre as dinâmicas e interações nas áreas ultramarinas do Império português, oferecendo uma visão mais abrangente e multifacetada desse período histórico.